segunda-feira, 13 de junho de 2011

Damian Loeb

Embora eu não pinte desde 2004, ano em que fiz minha última exposição individual, ainda me considero um pintor. Não sei se esse hiato se estenderá por mais alguns anos ou se será uma parada definitiva, mas não vejo, por enquanto, espaço em minha vida para a pintura. E, como pintor figurativo, aprecio pintores figurativos de todas as escolas e estilos. E um dos estilos que gosto é o hiper-realismo, que teve início no final dos anos 60, ganhou força nos anos 70 e perdura até hoje. Como o próprio nome diz, trata-se de uma pintura com grande precisão de detalhes, assemelhando-se a uma foto (a maioria dos artistas trabalha a partir de fotos que tiram), mas que consegue, a meu ver, transcendê-la. Há alguns anos, meu amigo Jurandy Valença, artista plástico, poeta e jornalista, que possui uma imensa biblioteca de livros de arte, me indicou um artista norte-americano que acho formidável: Damian Loeb.

Better Ways, óleo sobre tela, 91x91cm, 2010

Damian nasceu em New Haven, no estado de Connecticut, em 1970, e aprendeu a pintar sozinho. No começo dos anos 90, ele mudou-se para Nova York e foi descoberto por Jeffrey Deitch, da prestigiosa galeria Deitch Projects. Já expôs em diversos museus e galerias pelo mundo, e teve uma retrospectiva de sua obra exposta em 2006, no Aldrich Museum of Contemporary Art, em seu estado natal.
Tematicamente, já retratou cenas de filmes de ficção científica, naturezas-mortas, interiores de aviões, ruas desoladas e quartos habitados por personagens solitários, com predileção por cenas noturnas. Porém, em seus quadros, não há desespero nem depressão, mas apenas aquele momento fortuito em que a alma parece estar em suspenso enquanto estamos ocupados com alguma tarefa diária e mecânica. Embora de estilos diferentes, esse aspecto nos remete ao grande Edward Hopper. Anos atrás troquei e-mails com Loeb, que confirmou ser um grande fã de Hopper.

Ghosts I-IV, óleo sobre tela, 91x91cm, 2010
Gun, óleo sobre tela, 121x121cm, 2011

Em maio de 2011, Loeb apresentou sua nova série, chamada Verschränkung ou O Princípio da Incerteza, em sua atual galeria, a Acquavella, em Nova York. Apesar do título pomposo, retirado da Física Quântica, ela é composta de oito telas que mostram a mulher de Loeb, Zola, em diversas cenas íntimas. O que mais me chamou a atenção foi o grande salto qualitativo que ele deu nesses últimos anos na representação do corpo humano. Suas primeiras pinturas já demonstravam grande domínio técnico ao retratar objetos e paisagens, mas as pessoas nessas paisagens pareciam um tanto duras, e ele tinha um certo problema com a cor. Hoje o seu domínio é muito superior, como pode ser visto nestas telas a óleo que postei aqui.

Primary, óleo sobre tela, 91x91cm, 2009

Um aspecto curioso sobre Loeb é que ele é amigo pessoal do músico Moby. Antigamente ele mantinha um fotoblog (não sei se ainda mantém) com suas andanças por Nova York com ele. Para ver toda a série e trabalhos mais antigos, visite o site dele: www.damianloeb.com

2 comentários:

  1. Marcelo! Super...o texto e a citação a minha bela biblioteca hehehe
    Não tava sabendo desse seu blog; vou acompanhar agora.
    E realemente quem trabalha com palavras sabe escrever; visto que você é tradutor tb, né?
    Texto objetivo e informativo no tamanho ótimo para um blog!
    Logo logo te envio as imagens da série "Simulacros Góticos"
    Tô enrolado com o Mapa SP!
    Bjura

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  2. Obrigado, Jura. E depois quero escrever sobre seu trabalho, principalmente a série "Simulacros", que eu considero sublime. Quanto ao Mapa, estou a postos para traduzir para o inglês...
    bj

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