quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Andy Denzler

Body & Faces Study 4, óleo sobre papelão, 46x36cm, 2010

Todo artista plástico precisa ter um estilo e uma linguagem próprios. Críticos e colecionadores, mais do que o público, gostam de reconhecer imediatamente a obra de um artista - o que é desejável, desde que esse estilo e essa linguagem não engessem e aprisionem o artista, nem o impeçam de ousar e abandonar linguagens já repisadas. Encontrar esse estilo não é fácil, e muitos, ao encontrar um elemento que o distingua dos demais, agarram-se a ele como um cachorro a um osso. O artista suíço Andy Denzler encontrou esse elemento - derivado de Richter, é verdade - e já produziu várias séries a partir dele.

Watchdog, óleo sobre tela, 300x200cm, 2011
Hypnotized (díptico), óleo sobre tela, 300x200cm, 2011

Fotógrafo e designer gráfico nascido em Zurique, Denzler pintou quadros não-figurativos durante uma década. Por volta do ano 2000, começou a pintar a partir de fotos e vídeos feitos por ele, até que se deparou com um interferência típica de equipamentos analógicos de vídeo. Ele incorporou esse acidente à sua linguagem - que ele desenvolve até hoje.

The Orange Hues of Heaven, óleo sobre tela, 140x120cm, 2010
I Know What You Are, óleo sobre tela, 80x100cm, 2009

Para ele, a pintura tem a capacidade de, ao mesmo tempo, manter e destruir a tradição da representação - um tema central da Arte a partir da invenção da fotografia. Diz ele: "A pintura hoje está num período de hibridização, permitindo ao artista dinimuir a velocidade da produção e do consumo de imagens geradas pela mídia de massa. Ao subvertê-los, o artista pode dar frescor a uma imagem morta, reanimando-a, assim como Lucian Freud pinta a carne, fazendo com que ela tenha uma sobrevida".

Nico, óleo sobre tela, 80x100cm, 2006
Hurricane, óleo sobre tela, 170x180cm, 2010

O problema, a meu ver, é até quando Denzler poderá explorar esse pequeno achado. Pois a interferência em sua pintura é apenas um comentário, que pode tornar-se cansativo ou irrelevante com o passar dos anos. Já vi muitos artistas aprisionados numa "sacada" (odeio esse termo), sem conseguirem desvencilhar-se dela. O aprisionamento é até financeiro - galeristas e colecionadores esperam que ele continue produzindo suas imagens como se fosse uma fábrica. Alguns pintam como pintam e só - como Lucian Freud, cujo estilo era algo profundo e verdadeiro, não um mero achado - e outros ousam mudar, como Gerhard Richter.




Andy Denzler



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