quarta-feira, 16 de novembro de 2011

George Shaw

Scenes from the Passion: The Cop Shop, esmalte sobre tela, 2000

Recentemente descobri o pintor inglês George Shaw, com quem, a despeito da diferença de técnica e temática, senti grande identificação - que veio principalmente da trajetória que ele percorreu. Nascido em 1966, em Coventry, cresceu no subúbio de Tile Hill, tema de todas as suas pinturas, feitas em esmalte Humbrol, a preferida dos aeromodelistas.

Ash Wednesday, 7am, esmalte sobre tela, 2005
No Returns, esmalte sobre tela, 2009

Em 1986, Shaw foi estudar Artes Plásticas na Escola Politécnica de Sheffield, mas ficou decepcionado com a metodologia excessivamente tradicional e abandonou as artes durante vários anos. Nesse tempo, sobreviveu dando aulas em Nottingham. Aos 30 anos, decidiu voltar a estudar Artes, desta vez matriculando-se no Royal College de Londres. Ao visitar seus pais em Tile Hill, começou a tirar fotos - que totalizam mais de 10 mil atualmente. Durante esse tempo, como quase todos de sua geração, experimentou com outras técnicas, tecnologias, suportes e linguagens.

Poets Day, esmalte sobre tela, 2006
The Assumption, esmalte sobre tela, 2010

Sobre a trajetória a que me referi, Shaw explica: "Entre os 13 e os 17 anos, eu era completamente apaixonado pela pintura. Não havia nada de superficial nela, não havia dúvidas ou questionamentos. Eu queria ser artista, então eu via livros e transformei o meu quarto num ateliê. Eu tinha certeza, mas essa certeza foi se diluindo pelo caminho, principalmente na escola de Arte". Tal questionamento o levou a uma paralisia, a mesma que me acometeu em anos recentes.

The Back that Used to be the Front, esmalte sobre tela, 2008

Shaw continua: "Eu não queria fazer nada após terminar o curso de Artes Plásticas, mas quando finalmente voltei a pintar, eu só pensei naquele entusiasmo extraordinário que eu tinha antes. Foi uma verdadeira jornada sentimental ao encontro da pessoa que eu era, e encontrar uma forma de fazer uma pintura verdadeira retratando o lugar onde nasci e cresci, sem que ninguém a considerasse kitsch ou irônica".

The Resurface, esmalte sobre tela,

Tal coragem - a de abraçar com paixão uma representação realista do lugar de suas primeiras memórias - fez surgir paisagens cativantes, ora misteriosas, ora desoladas, embora Shaw afirme: "Para mim, elas estão repletas da presença humana: as pessoas com quem eu cresci, a minha família, os transeuntes - todas elas estão lá, em algum lugar, dentro da pintura".  Esse retorno à pintura também rendeu a Shaw o reconhecimento: em 2011, ele foi indicado para o Turner Prize, o prêmio mais importante de arte na Europa.O lugar pode ser um subúrbio inglês, mas os sentimentos de nostalgia e perda são comuns a todos nós.



George Shaw - Cup o'tea anyone?


Para ver mais algumas obras, clique no link ao lado (da Wilkinson Gallery)


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